Será que meu filho ouve bem? Confira a reportagem elaborada pela Revista Crescer e comentada pela Fonoaudióloga do Instituto Phases, Dra. Lívia Fernandes.
Diariamente, muitas famílias com diferentes perfis de crianças – idades, sintomas e com ou sem diagnóstico – me procuram solicitando indicações de locais para realizar a avaliação do processamento auditivo. Mas, por outro lado, também leio ou escuto todos os dias as pessoas falando que o problema do filho é apenas desatenção. Mas, afinal, o que é e por que é importante se preocupar com o Processamento Auditivo Central (PAC)?
O nosso sistema auditivo é dividido, principalmente, em duas partes:
1 - Sistema Auditivo Periférico - Parte mais conhecida por todos nós e é onde ocorre o que chamamos de "ouvir”, ou seja, onde o som é detectado. Assim, qualquer alteração de funcionamento neste sentido provoca o transtorno de audição conhecido como deficiência auditiva ou surdez.
2 - Sistema Auditivo Central - Essa parte é a responsável pela análise e interpretação dos sons detectados na parte periférica. Se houver qualquer falha nesse subsistema, dizemos que houve um transtorno e ele é denominado Transtorno do Processamento Auditivo Central (TPAC).
O TPAC causa alterações em diversas habilidades auditivas como: localizar de onde vem um som, identificar o tipo de som e até dificuldade em memorizar uma sequência de sons. Na escola, surgem as principais queixas, por ser um ambiente bastante ruidoso e onde a criança precisa manter a atenção por um longo período. Portanto, cabe também à equipe pedagógica ficar de olho e avisar aos pais caso a criança:
- Apresente alteração de produção de fala; - Tenha dificuldade na leitura e na escrita; - Necessite que o professor repita a fala ou pergunte o tempo todo “Ahn?” e “O que?”; - Demonstre dificuldade para seguir, memorizar ou localizar uma sequência de sons; - Apresente mudança (piora) de comportamento em ambiente ruidoso; - Fique muito agitada ou, em contrapartida, muito quieta, pareça desatenta ou desinteressada.
Afinal, cada criança reage de um jeito perante a dificuldade de compreensão da fala.
Apesar de essas queixas estarem relacionadas à alteração de processamento auditivo, elas também podem ser características de outros transtornos. Por isso, a avaliação final do PAC só pode ser feita através de exames realizados em cabine acústica pelo fonoaudiólogo. Vale lembrar, porém, que para realizar o exame, a avaliação audiológica básica (audiometria e imitanciometria) já deve ter sido feita e a criança tem que ter mais de 6 anos, pois em faixas etárias anteriores, as habilidades avaliadas ainda não estão plenamente desenvolvidas.
Importante: a alteração de processamento auditivo não impede o desenvolvimento de linguagem. Ela “apenas” o atrapalha, provocando algumas distorções e omissões de sons da fala, principalmente em “l” (“pulo”), “r”(“farol”), “s”(“sino”)e “x/ch” (“chuva”). Se os pais notarem qualquer sinal de alteração de habilidades auditivas deve procurar um fonoaudiólogo. Ele é o único profissional habilitado a avaliar e tratar o TPAC.
Segundo Dra. Lívia Fernandes:
O Processamento Auditivo Central é a capacidade que o cérebro possui para usar a informação que chega pelos ouvidos, ou seja, é aquilo que o cérebro realiza com o que o ouvido “ouviu”.
Algumas pessoas possuem dificuldades em realizar as habilidades auditivas desenvolvidas desde o nascimento (localizar o som, focar a atenção em um som e ignorar outros, memorizar sons seqüenciais, entre outros), o que acarretará no TPAC (Transtorno do PAC).
Apresenta vários sintomas, mas devemos destacar alguns mais freqüentes que servem de alerta: Dificuldade para localizar fonte sonora; Dificuldades para entender a fala em ambientes ruidosos; Entender errado, troca de palavras e frases; Dificuldades em memorizar em sequencia; Dificuldades de leitura e escrita, troca de letras na fala ou escrita ou dificuldade para aprender uma segunda língua ou música; Desatenção e/ou distração.
Tanto o Adulto como criança e adolescente podem apresentar esses sintomas e assim que observados deve ser feito uma avaliação do PAC, assim o fonoaudiólogo poderá identificar se o indivíduo apresenta o Transtorno do Processamento Auditivo Central.
Após ser diagnosticado o TPAC, a pessoa deve passar por um processo de tratamento e reabilitação do TPAC, feito pelo Fonoaudiólogo. O tratamento consiste na realização do treinamento auditivo das habilidades alteradas que pode ser realizadas em cabine ou fora, orientações na escola e em casa para que a pessoa com TPAC possa ser ao máximo estimulada.
Quanto mais cedo for identificado os sintomas mais rápido pode ser feito a intervenção Fonoaudiológica tratando o TPAC, não permitindo dessa forma o comprometimento do desenvolvimento lingüístico e acadêmico da criança e ou adolescente.
Ficou alguma dúvida? Entre em contato e converse com a Dra. Lívia! Compartilhe esse texto, vamos distribuir bons conteúdos!
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